Postado em: Saúde Mental.

Depressão, o mal do século

Modificado pela última vez em 19 de maio de 2017

A depressão tem sido tema de recorrente discussão por profissionais de saúde nas últimas décadas. Ela vem em um crescente e, segundo a OMS*, a doença afeta 4,4% da população mundial. O Brasil possui o maior índice da América Latina, com 5,8% dos brasileiros afetados, e é ainda o país com maior prevalência de ansiedade no mundo: 9,3%. São números que impressionam, falamos de 322 milhões de pessoas sofrendo deste mal ao redor do planeta. E este número cresce a cada ano. Em 10 anos, de 2005 a 2015, esse número subiu 18,4%.

Mas quando um sofrimento, que é tão comum em nossas vidas, se transforma em uma patologia? A transformação do sofrimento em patologia, ou situação de risco em uma doença futura, com sua consequente medicalização, são marcantes na demanda atual de bem-estar e intolerância ao sofrimento alheio (Caponi, 2007).

A depressão não possui um marcador biológico, como acontece em uma doença infecciosa. É preciso se utilizar da terapêutica para definir sua causa. Por exemplo, se o antidepressivo age sobre o sistema serotoninérgico, a causa deve ser a falta de serotonina cerebral. Mas na prática, raramente existe apenas uma única causa para depressão, como citado anteriormente a falta de serotonina. Geralmente é um conjunto de causas que desencadeia a doença. A questão está no fato da patologia ser desencadeada mais por elementos biológicos e, menos, por questões relativas aos modos de viver do mundo contemporâneo.

A depressão é uma doença muito séria e é diferente de sofrimento. O sofrimento é uma reação normal a situações de perda e manifesta-se por momentos de tristeza. O deprimido passa por sentimentos de tristeza profunda por longos períodos.

Quando deprimida, a pessoa pode ficar irritável e chorar por muito tempo, ter dificuldade em tomar decisões e ainda sentir-se inútil, culpada, desesperada e desamparada. Outro sintoma recorrente é a falta de interesse nas coisas que costumava gostar, desejando passar mais tempo sozinha, evitando familiares e amigos. Além de poder apresentar sintomas físicos como cansaço e dificuldade em dormir.

Um grande problema que se enfrenta hoje é que nossa sociedade determinou que ser feliz tornou-se uma obrigação. Quem não consegue é visto como um fracassado. Isto coloca o depressivo em uma espiral, como um redemoinho, levando-o mais ao fundo. Assim, é muito mais fácil para uma pessoa falar “eu tive depressão” do que “estou deprimido”. Ao falar do problema no passado, o sentimento é o de que se venceu uma batalha.

Se achar que você ou algum familiar tem depressão, consulte um médico. O médico irá, em uma consulta, avaliar seus estados físico e mental, além de exigir exames laboratoriais para eliminar a possibilidade de outras doenças com sintomas semelhantes. Lembre-se que não existem testes clínicos para a depressão, por isso é necessário entrevistas detalhadas e questionários para se elaborar o diagnóstico.

* Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 23/04 referentes a 2015.
Dra. Elissandra Maia
Dra. Elissandra Maia
Dra. Elissandra é psiquiatra e psicoterapeuta na Mais Cardiologia. CRM: 16774.